Nova norma prevê extinção dos conceitos TTA/PTTA

Comitê de Estudos do Cobei prepara a tradução das novas normas da família IEC 61439 para painéis elétricos que deve sair em 2016. Documento tornará mais claros os métodos de verificação das características construtivas e de desempenho destes equipamentos, eliminando os conceitos de total e parcialmente testados.
 
Na atualidade, o consumidor brasileiro que tiver interesse em especificar e/ou comprar conjuntos de manobra e controle de baixa tensão (CMCs), os chamados painéis elétricos, terá duas opções de acordo com a norma vigente ABNT NBR IEC 60439-1: os painéis totalmente testados (TTA) e os painéis parcialmente testados (PTTA). Estas denominações referem-se aos ensaios de tipo realizados nestes equipamentos para garantir a qualidade e o desempenho dos produtos. O TTA diz respeito aos conjuntos que possuem as características idênticas ou sem desvios que possam influenciar seu desempenho, quando comparado a um protótipo aprovado em todos os ensaios. Já o PTTA se aplica aos conjuntos que apresentam tanto configurações ensaiadas, como não ensaiadas, mas cujos “desvios” foram derivados, por exemplo, por cálculo, a partir de protótipos ensaiados e aprovados conforme a norma.
 
No entanto, estes conceitos, tão importantes até agora para o mercado brasileiro de painéis elétricos de baixa tensão, deixarão de existir em breve. Isto porque a versão brasileira da nova norma internacional IEC 61439 está sendo produzida. Segundo o coordenador da Comissão de Estudo (CE) 17.02, responsável pela elaboração do novo documento, Luiz Rosendo, esta mudança ocorrerá porque foi deturpada – não apenas no país, mas mundialmente – a ideia de painéis parcialmente testados. Rosendo explica que alguns montadores e fabricantes não entendem o conceito de PTTA, acreditando que na construção deste tipo de painel só se faz necessária a realização de parte dos ensaios. “Mas não era isso. Este painel tem que ser baseado em um painel TTA, com todos os ensaios feitos”, declara.
 
O gerente de marketing em painéis de baixa tensão para América Latina da Eaton, Flavio Baseggio, explica que a maneira como os conceitos foram redigidos na norma atual permitia interpretações distintas, que foram sendo desenvolvidas de acordo com a necessidade e/ou falta de conhecimento técnico do mercado. “Fabricantes, consultores e consumidores finais, cada um interpretou conforme a sua necessidade. E isso resultou em percepções diferentes dos painéis PTTA no mercado”, afirma.
Colega de Baseggio na Eaton, o gerente de marketing e produtos para linhas de painéis de baixa tensão no Brasil, Sergio Baldin, afirma que alguns fornecedores acabam não respeitando as regras estipuladas pelo atual documento normativo. A ABNT NBR IEC 60431-1 permite a extrapolação por cálculo de apenas dois ensaios: de temperatura e de nível de curto-circuito. No entanto, muitos fabricantes extrapolam outros ensaios.
 
Um painel testado em 2.500 A no nível de 50 kA, por exemplo, segundo Baldin, não pode ser extrapolado pelo conceito PTTA para corrente em nível de curtos acima dele, mas isso acontece. “O fornecedor mal intencionado, muitas vezes, não testa o painel, porque os testes são custosos para a empresa que os aplica na sua integridade”, declara o gerente de marketing, destacando que, no balanço final, o fabricante acaba oferecendo um produto que realmente não foi testado.
 
A preferência do cliente, conforme Baldin, é pelo conjunto PTTA, pois o consumidor entende que o equipamento é mais barato. “Na verdade é o contrário”, diz. O gerente recorda que o painel parcialmente testado deve derivar, de fato, de um painel totalmente testado. Assim, para sua confecção, acrescentam-se horas de engenharia. “Então, o PTTA acaba sendo mais custoso para o cliente final do que o próprio painel TTA, porque os testes que já foram feitos pelo fabricante original devem ser repetidos”.

FONTE: Portal O Setor Elétrico